quinta-feira, 26 de julho de 2007

Creio! Descrendo...

Sou cristão, meu habitat natural é a fé, e como pastor, estou envolvido diariamente com assuntos ligados ao “crer” e o “acreditar”. A essência da minha vida é crer em Jesus como meu Senhor e Salvador, mas vivo uma crise de fé. Acredito em algumas coisas, descrendo em outras, que estão para mim desvencilhadas até que algo aconteça – milagres – ou então, até que nosso povo cristão tome posição.
Sou um homem de fé e da Fé, mas perdi a fé em algumas coisas:

Creio em profecias, mas não creio em muitos “profetas”.
Creio na pregação, mas descreio das intenções de alguns pregadores.
Creio na Bíblia, mas estou preocupado com os rumos da teologia.
Creio no treinamento dos pastores, mas duvido da eficácia da maioria dos seminários.
Creio no poder do Espírito, mas desacredito dos “moveres” emocionais e fantásticos.
Creio na bela tradição judaica, mas não agüento mais ouvir falar de Shofar, Arca e Candelabro.
Creio que o Brasil pode ser alcançado pelo Senhor Jesus, mas já não consigo acreditar nas motivações dos evangélicos brasileiros.
Creio no poder influenciador do povo de Deus, mas não gosto da ética dos políticos “evangélicos”.
Creio na Unidade do Corpo de Cristo, mas abomino a política eclesiástica.
Creio no louvor e na Adoração, mas não consigo ouvir algumas músicas ditas “evangélicas”.
Creio nos quatro seres viventes que estão na sala do trono, mas creio que eles devem ficar lá.
Acredito na Igreja, mas estou triste com as denominações.
Acredito na obra missionária, mas não entendo missionários sem chamado e sem visão.
Teimo em acreditar no crescimento da Igreja, mas desacredito em modelos pré-fabricados.
Acredito na Fé, mas tenho nojo do comércio desta.
Creio, descrendo...


Não entendo porque os cristãos insistem em desprezar a crise que vivemos. Parece que alguns simplesmente desligaram a sua capacidade crítica. Tenho uma proposta: Vamos voltar, e olhar os fundamentos, a base, o alicerce. Talvez precisemos demolir algumas coisas e reconstruir outras. Alguém colocou o prumo errado e a parede subiu torta. Não é feio admitir o desvio, triste é insistir no erro por orgulho, vaidade e teimosia.
Quero que fique claro que não creio que todos estão errados, pois sempre existirão os sete mil, como aconteceu com Elias(I Rs 19.18). Existe gente séria, com fé equilibrada, e uma ética santa, e que com certeza não faz tanto barulho na terra, mas que inferniza o inferno e alegra o céu. Quero andar com eles.
Em minha crise de crença e descrença, posso dizer que acima de tudo isso, creio em Deus soberano sobre tudo e em Cristo como o Senhor da Igreja e que seus planos não podem ser frustrados (Jó 42.2); e assim, e só assim, acalmo minha alma.
Pr. Talles Araújo.